sexta-feira, 30 de abril de 2010

Simpósio Internacional: “Por uma Agência Brasileira da Cannabis Medicinal?”

Nos dias 17 e 18 de maio acontecerá na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), um evento revolucionário para a ciência médica brasileira:
O Simpósio Internacional: “Por uma Agência Brasileira da Cannabis  Medicinal?” cientistas do Brasil e do exterior, sociedades científicas e Agências Governamentais. O propósito do evento será discutir a possibilidade de ser criada a Agência Brasileira da Cannabis contará com a presença de renomados Medicinal, que permitiria e controlaria o uso da maconha e seus derivados para fins terapêuticos.É um grande passo para um enorme país como o Brasil, no qual a política proibicionista em relação as drogas permanece forte e com chances de piorar cada vez mais. 

O evento vem como uma luz no fim do túnel para ois movimentos antiproibicionitas  que, apesar do tremendo esforço, sofrem represálias policiais e políticas quando tem a tentativa de trazer o debate das questões das drogas as ruas.

Promovido pelo  entro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), o evento contará com  a participação de pesquisadores importantes trazendo argumentos científicos sobre os potenciais terapêuticos da Cannabis bem como a proposta de criação de uma Agência brasileira de Cannabis medicinal, permitindo seu uso clinico e experimental. A frente do evento está o grande pesquisador brasileiro, o Professor Dr. Elisaldo Luiz de Araújo Carlini, diretor do CEBRID e pioneiro no estudo da Cannabis no Brasil. As inscrições e programação estão disponíveis no site do Simpósio.

No mesmo mês acontece o evento mundial pró legalização da Cannabis: a Marcha da maconha. A marcha acontece em diversas cidades do mundo inteiro desde 1994 e tem como propósito trazer para a sociedade a discussão da temática das drogas bem como propor a legalização da maconha, a droga ilícita mais consumida mundialmente.

NOTA:

O NEUROtícias apóia a marcha da maconha e entende que a importância do evento não se dá apenas na esfera social, mas também científica, uma vez que a discussão social reflete diretamente na opinião publica facilitando a aceitação de pesquisas como  as da Cannabis terapêutica.

PARA SABER MAIS:








domingo, 25 de abril de 2010

Homens maus fazem o que homens bons sonham - Sugestão de Leitura

O NEUROtícias começará a sugerir algumas leituras a partir de agora, no mínimo uma indicação por mês com resenha , estaremos publicando em nosso blog.

O indicação desse mês é o fantástico livro de Robert I. Simon. Dr Simon é  psiquiatra forense, professor de Psiquiatria Clínica, diretor do Programa de Lei e Psiquiatria em Georgetown na University School Medicine, Washington, Estados Unidos. 

Em "Homens maus fazem o que homens bons sonham", Simon disseca a mente de criminosos perturbados por seus dêmonios internos frutos de seu passado traumático muitas vezes associado à forte propensão genética, dependência química e exclusão social.

Com narrativa densa e uma atmosfera de tensão e drama, o autor consegue trazer a tona todo drama vivenciado por psicopatas e  suas vítimas descrevendo as cenas com toda a acidez e terror psicológico sofridos por elas.

Simon é implacável quanto ao diagnostico social em seu livro, haja visto que o próprio título remete a tese central de seu argumento. O autor defende que Homens maus fazem o que homens bons sonham  e que basta os "genes certos na hora certa" para acordarmos o psicopata que há dentro de nós.

É um belo livro onde somos, a cada parágrafo, desafiados quanto ao nosso caráter, pulsões, vontades e desejos, tudo isso numa narrativa, apesar de pesada, muito atrativa e com leitura fluente. 

O livro apresenta os estudos realizados pelo psiquiatra em casos reais, com análise dos desvios de comportamento, um olhar sobre os fatores protetores que garantem a “normalidade” da maioria de nós e uma reflexão sobre o que significa ser humano. O autor destaca que a violência pessoal é tema presente em todas as religiões e durante a história da humanidade. Traz ainda dados alarmantes como que a cada 1,3 min uma mulher é estuprada nos EUA, entre outros.

Essa obra é uma leitura obrigatória para os estudiosos de neurociência comportamental, terapeutas clínicos, profissionais da área da saúde ou até mesmo para curiosos no assunto.

Agora uma coisa é fato: não é um livro de fácil "digestão", algumas cenas  são descritas com bastante detalhe e não são recomendadas para pessoas que não suportam facilmente descrições de cenas violentas.


Livro: Homens maus fazem o que homens bons sonham
Autor: Robert I. Simon
Formato: 16x23
Páginas: 340
Editora: Artmed 
Faixa de Preço: R$ 49 - 69 (Buscapé)
 

domingo, 4 de abril de 2010

Onde está nossa moral?

Julgamentos morais são essenciais para vivermos em sociedade. Nós perdoamos danos intencionais ou acidentais e condenamos tentativas de prejudicar outras pessoas baseados nessa capacidade. Alguns trabalhos científicos têm demonstrado o papel importante de uma estrutura cerebral chamada córtex pré frontal ventromedial em desempenhar esse papel. Pesquisadores do grupo coordenado pelo renomado neurocientista português, Antonio Damásio (Brain and Creativity Institute and Dornsife Center for Cognitive Neuroimaging, University of Southern California, Los Angeles), publicaram num dos mais importantes periódicos de neurociências, Neuron, um trabalho que vem para trazer luz às bases fisiológicas da moral humana. Trabalhos anteriores já haviam relacionando essa estrutura cerebral com nossa capacidade de julgamento.

Liane Young do Massachusetts Institute of Technology em Cambridge, e seus colegas de trabalho pediram à nove pacientes com lesões no córtex pré frontal ventromedial (CPFVM -Figura) para avaliar vários cenários sobre a sua legitimidade moral. Os cenários retratados eram de uma pessoa tomando uma conduta neutra ou perigosa para outra pessoa, como por exemplo, dar-lhe um veneno que lhe leve a morte. Quatro tipos de avaliação aos pacientes foram tomadas como parâmetro: sem perigo (ação neutra), perigo acidental, falha ao perceber o perigo e sucesso ao perceber o perigo. Os pacientes com lesão no CPFVM se mostraram mais permissivos á falha no julgamento moral do problema apresentado pelos pesquisadores quando comparados com pacientes normais ou com outros tipos de lesões cerebrais. Estes resultados destacam o papel crucial do CPFVM no processamento do julgamento moral em nossa espécie.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Reescrevendo memórias

No dia 7 de Janeiro no Vol 463 da Nature foi publicado um trabalho que pode dar novos rumos as técnicas de tratamento à memórias mal adaptativas, como por exemplo um trauma. Pesquisadores do Center for Neural Science do departamento de psicologia das universidades de New York e Texas apresentaram uma técnica não invasiva de manipular memórias de medo baseando-se no fenômeno da Reconsolidação da memória.

A reconsolidação é um fenômeno no qual as memórias ao serem evocadas (lembradas) se tornam lábeis novamente, isto é, possíveis de sofrer modificações. Anteriormente à descoberta desse fenômeno acreditava-se que as memórias após consolidadas não poderiam ser modificadas e que apenas novas informações eram acrescentadas em paralelo. Em animais já é possível encontrar diversos procedimentos experimentais nos quais pode-se manipular farmacologicamente esta fase da memória resultando na impossibilidade de recuperar essa informação em momentos posteriores, sugerindo que elas foram apagadas ou persistentemente inibidas.

Nesse estudo os pesquisadores se basearam em trabalhos anteriores realizados em ratos no qual os animais eram expostos a um estímulo breve (recordatório) e logo em seguida eram conduzidos para uma seção de extinção da memória (ver abaixo significado de extinção). O resultado desse trabalho foi que os animais eram incapazes de apresentar respostas de medo após passarem por uma sessão de extinção, no entanto, somente quando a sessão acontecia durante o período da reconsolidação (em torno de 6 h). Com humanos não foi diferente. Estes resultados demonstram o papel adaptativo da reconsolidação e como uma janela de oportunidade para reescrever as memórias emocionais, sugerindo que uma técnica não-invasiva pode ser usada com segurança em seres humanos para impedir o regresso do medo.

Para Saber Mais: