sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Reescrevendo memórias

No dia 7 de Janeiro no Vol 463 da Nature foi publicado um trabalho que pode dar novos rumos as técnicas de tratamento à memórias mal adaptativas, como por exemplo um trauma. Pesquisadores do Center for Neural Science do departamento de psicologia das universidades de New York e Texas apresentaram uma técnica não invasiva de manipular memórias de medo baseando-se no fenômeno da Reconsolidação da memória.

A reconsolidação é um fenômeno no qual as memórias ao serem evocadas (lembradas) se tornam lábeis novamente, isto é, possíveis de sofrer modificações. Anteriormente à descoberta desse fenômeno acreditava-se que as memórias após consolidadas não poderiam ser modificadas e que apenas novas informações eram acrescentadas em paralelo. Em animais já é possível encontrar diversos procedimentos experimentais nos quais pode-se manipular farmacologicamente esta fase da memória resultando na impossibilidade de recuperar essa informação em momentos posteriores, sugerindo que elas foram apagadas ou persistentemente inibidas.

Nesse estudo os pesquisadores se basearam em trabalhos anteriores realizados em ratos no qual os animais eram expostos a um estímulo breve (recordatório) e logo em seguida eram conduzidos para uma seção de extinção da memória (ver abaixo significado de extinção). O resultado desse trabalho foi que os animais eram incapazes de apresentar respostas de medo após passarem por uma sessão de extinção, no entanto, somente quando a sessão acontecia durante o período da reconsolidação (em torno de 6 h). Com humanos não foi diferente. Estes resultados demonstram o papel adaptativo da reconsolidação e como uma janela de oportunidade para reescrever as memórias emocionais, sugerindo que uma técnica não-invasiva pode ser usada com segurança em seres humanos para impedir o regresso do medo.

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