Primeiramente, para fins de esclarecimento, esse texto não
parte de um historiador nem de um sociólogo especialista no assunto, mas de um
biólogo, pesquisador e educador que milita no movimento estudantil há mais de
10 anos; e é com essa percepção que avaliarei o atual momento no Brasil. Peço
desculpas de antemão, pelo excesso de aspas, mas elas aqui se fazem muito necessárias.
Participei das manifestações em São Paulo, de duas
especificamente, a mais violenta de quinta feira e a mais esperançosa de segunda,
a qual reuniu dezenas de milhares de pessoas. Confesso que, como militante acostumado
a ir a passeatas com 100, 200 pessoas e tomar borrachadas aleatórias da polícia,
me emergiu um sentimento de esperança. Meus olhos se encheram d’água diversas
vezes e achei que havia chegado o momento da minha tão sonhada Revolução.
A mesma segunda que me esperançou, me preocupou.
Manifestantes que queriam fazer seu pixo sendo duramente (e fisicamente) reprimidos
por outros manifestantes, um espírito nacionalista, que, em outros tempos,
sabemos onde levou...
Pessoas gritam que é sem vandalismo, sem violências, mas reprimem
fisicamente (socos e pontapés) um “pixador”? Que sociedade é essa que coloca
objetos inanimados na frente da integridade física de um ser humano? Desculpe,
essa “não me representa”!
Tenho claro que estamos com três Rs pairando no ar e ninguém
tem claro qual deles queremos agarrar. Revolução, Reforma e Revolta.
Revolução: é isso que queremos? Se queremos isso, acho que perdemos
o timing. Segunda era para ser o dia da revolução, tomar o palácio mesmo,
ocupar os prédios públicos e lá ficarmos, declararmos o poder popular, “quebrar
tudo” mesmo, com “violência”, não há revolução sem violência, nem que seja uma
violência contra o “tão importante” patrimônio. Isso é revolução! Desconstruir
para reconstruir melhor com a “nossa cara”. Para isso, precisamos de líderes.
Caso contrário, estamos falando em Reforma.
Na reforma não há necessidade de “violência”, a cosia é mais
“pacífica”, mas alteram-se poucos tijolos, algumas cores, mas a estrutura
continua a mesma, sem grandes mudanças.
Na verdade o que vivemos hoje, infelizmente, é o terceiro
erre: Revolta. A revolta é produto
de uma raiva, insatisfação, confusão mental por algo que incomoda, mas não se
sabe o que. Temos vontade de gritar, berrar, ir contra tudo e todos, pois
estamos revoltados, não sabemos muito bem com o que, mas estamos lutando
contra. A revolta é um sentimento muito
comum em adolescentes. Adolescentes revoltados, que amadurecem, podem se tornar
grandes revolucionários ou meros reformistas (ou até mesmo conformista, mas
isso é outro tópico...).
Finalizando, o bebê gigante acordou. Sim. Cresceu rápido
até. Mamou, fez estripulias de criança, tomou umas palmadas duras e virou um
adolescente revoltado.
Por hora, saio das ruas e trabalharei ajudando o adolescente
crescer...
Um comentário:
Eu acho que escrever este tipo de coisa realmente é ótimo, porque nós compartilhamos um monte de pensamentos que temos com muitas pessoas e para que todos possam conhecer um pouco mais, eu também gosto de ler essas coisas quando eu estou esperando para comer em a a figueira rubaiyat
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